CSC PR4 - Rota do Litoral do Guincho (7.9 km)

The route is developed in a territory classified as a Natural Park and included in the Site of Community Importance Sintra-Cascais, within the scope of the Natura 2000 Network. The villages appear not far from the sea and close to the shelter and wealth provided by the Serra de Sintra. Here the heirs of the Arab tradition, of the care of the land and sobriety of customs, continue to take care of their almuinhas, next to the streams.

The trail starts at Malveira da Serra and runs on the southern slope of the Serra de Sintra. The eruptive massif of Sintra is an intrusive structure in the limestone and limestone-schist series of Jurassic and Cretaceous. These sedimentary formations subsequently underwent an erosion process, and today the syenitic core is surrounded by exposed granites. It is on this granite ring that Malveira da Serra is located. To the south, we cover what remains of the sedimentary formations, first the metamorphic limestone layers of the Jurassic, with pinkish igneous veins, which even cross. Then the Ramalhão shales denounce the changes resulting from the high pressures and temperature to which they were still subjected. This is followed by a ring with the most recent sedimentary formations, from Cretaceous, where the Guincho Fort is located.

It was from the sea that during prehistory man removed precious food, as suggested by the remains found on the beaches of Guincho and Abano. The dependence on the sea faded after with the first settlements appearing, already close to the protection and wealth made available by the Serra - hunting, fruits, water. There are many traces of the veneration of water by the first human occupants. The Romans took advantage of it on their farms, the villae. The Arabs introduced watermills and mills and took care of their almuinhas - the vegetable gardens - near the streams.

The Saloios community, heir to the tradition of the care of the land and the sobriety of Arab customs, is still today eminently rural, where the care of the land, the shepherding, and, until recently, watermills, mills and bread or lime ovens were still used.

The geological richness allows great diversity of flora and fauna, but the very intense use to feed herds and supply firewood to the populations, the fierce winds, the hot and dry summers, the lowest rainfall in this part of the Serra, only allow the existence of meadows, with Mediterranean and Atlantic-Mediterranean characteristics. There are many adaptations of vegetation to the lack of water in the summer. The leaves are usually stiff, small and persistent - evergreen - as in the common myrtle (Myrtus communis), considered by Greeks and Romans as a symbol of love and eternity. In the rosemary (Rosmarinus officinalis) the leaves are narrow and curled, in the Juniperus turbinata they are reduced to scales. They can be covered with oily ooze as in the gum rockrose (Cistus ladanifer), they can be succulent like pale stonecrop (Sedum sediforme), they can spend the unfavorable period reduced to the underground part like sea onion (Urginea maritima), or have the stem with a fire resistant coating - cork - in the cork oak (Quercus suber). Many Mediterranean plants are rich in substances that give them medicinal and aromatic properties such as European centaury (Centaurium erythraea), calamint (Calamintha baetica), pennyroyal (Mentha pulegium), common chicory (Cichorium intybus), fennel (Foeniculum vulgare), little-robin (Geranium purpureum), honeysuckle (Lonicera implexa), intermediate periwinkle (Vinca difformis), sarsaparille (Smilax aspera), St John's wort (Hypericum perforatum), lavender (Lavandula luisieri) or rosemary (Rosmarinus officinalis).

Near the sea, we find scrublands of Juniperus turbinata that house endemic flora species, coastal dunes with Juniperus, a priority habitat of the Habitats Directive, or cliffs with endemic limoniums (Limonium spp) and characteristic species - sea fennel (Crithmum maritimum), wild carrot (Daucus carota). In places with beach sands, plants such as the thrift (Armeria welwitschii), the Omphalodes kuzinskyanae or the immortelle (Helichrysum italicum) arise.

The carrascais of Quercus coccifera (kermes oak) result from the degradation of the original oak trees, and the cork oak trees (Quercus suber) are still frequent today.

In calcareous soils, mastic (Pistacia lentiscus), wild olive (Olea europaea var. Sylvestris), Mediterranean buckthorn (Rhamnus alaternus), Cistus crispus, common snapdragon (Antirrhinum majus), flax-leaved daphne (Daphne gnidium), Montpellier cistus (Cistus monspeliensis), gorse (Ulex densus), honeysuckle (Lonicera implexa), sarsaparille, garden pimpernel (Anagallis monelli) are common.

The cliffs are a safe place, out of the reach of predators, for nesting the European shag (Phalacrocorax aristotelis), the common kestrel (Falco tinnunculus), the peregrine falcon (Falco peregrinus), the blue rock thrush (Monticola solitarius) the gulls (Larus sp.) or the common pigeon (Columba livia).

The fauna is diverse: the European rabbit (Oryctolagus cuniculus), the red fox (Vulpes vulpes), the least weasel (Mustela nivalis), the ocellated lizard (Lacerta lepida), the Algerian sand racer (Psammodromus algirus), snakes and their predators such as the Egyptian mongoose (Herpestes ichneumon), the western barn owl (Tyto alba), the tawny owl (Strix aluco), the common buzzard (Buteo buteo), the red-legged partridge (Alectoris rufa), the ruddy turnstone (Arenaria interpres); great diversity of insects.

(From ICNF)

CSC PR4 - Rota do Litoral do Guincho (7,9 km)

O percurso desenvolve-se em território classificado como Parque Natural e incluído no Sítio de Importância Comunitária Sintra-Cascais, no âmbito da Rede Natura 2000. Os povoados surgem não longe do mar e perto do abrigo e riqueza disponibilizados pela Serra. Aqui os herdeiros da tradição árabe, do amanho da terra e sobriedade de costumes, continuam a cuidar das suas almuinhas, junto aos ribeiros.

O percurso inicia-se na Malveira da Serra e decorre na encosta sul da Serra de Sintra. O maciço eruptivo de Sintra é uma estrutura intrusiva na série calcária e calco-xistosa do Jurássico e do Cretácico. Estas formações sedimentares foram posteriormente sofrendo um processo de erosão, encontrando-se hoje o núcleo sienítico rodeado por granitos a descoberto. É sobre este anel de granitos que se localiza a Malveira da Serra. Para sul percorremos o que resta das formações sedimentares, primeiro as camadas calcárias metamorfizadas do Jurássico, com filões ígneos, em tom rosado, que chegam a entrecruzar-se. Depois os xistos do Ramalhão denunciam as alterações resultantes das elevadas pressões e temperatura a que ainda foram sujeitos. Segue-se um anel com as formações sedimentares mais recentes, do Cretácico, onde se localiza o Forte do Guincho.

Era do mar que durante a pré-história o homem retirava preciosos alimentos, como sugerem os vestígios encontrados nas praias do Guincho e do Abano. Depois, a dependência do mar foi-se esbatendo, surgindo os primeiros povoados, já perto da proteção e da riqueza disponibilizadas pela Serra — a caça, os frutos, a água. São muitos os vestígios da veneração da água pelos primeiros ocupantes humanos. Os romanos aproveitaram-na nas suas quintas, as villae. Os árabes introduziram azenhas e moinhos e cuidaram das suas almuinhas — as hortas — junto aos ribeiros.

A comunidade saloia, herdeira da tradição do amanho da terra e da sobriedade de costumes árabe, é ainda hoje eminentemente rural, dada ao amanho da terra, à pastorícia, e até há bem pouco tempo azenhas, moinhos e fornos de pão ou cal eram ainda utilizados.

A riqueza geológica permite grande diversidade de flora e de fauna, mas a utilização muito intensa, para apascentar rebanhos e fornecer lenha às populações, os ventos impetuosos, os verões quentes e secos, a menor pluviosidade nesta vertente da Serra, apenas permitem a existência de prados de matos, de características mediterrânicas e atlântico-mediterrânicas. São muitas as adaptações da vegetação à falta de água no verão. As folhas são normalmente rijas, pequenas e persistentes — sempre-verdes — como na murta-comum (Myrtus communis), considerada por gregos e romanos como símbolo de amor e eternidade. No alecrim (Rosmarinus officinalis) as folhas são estreitas e enroladas, na sabina-da-praia (Juniperus turbinata) são reduzidas a escamas. Podem encontrar-se recobertas por uma exsudação oleosa como na esteva (Cistus ladanifer), ser suculentas como a erva-pinheira (Sedum sediforme), podem passar o período desfavorável reduzidas à parte subterrânea como a cebola-albarrã (Urginea maritima), ou ter o caule com revestimento resistente ao fogo — a cortiça — no sobreiro (Quercus suber). Muitas plantas mediterrânicas são ricas em substâncias que lhes conferem propriedades medicinais e aromáticas como o fel-da-terra (Centaurium erythraea), a calaminta (Calamintha baetica), o poejo (Mentha pulegium), a chicória (Cichorium intybus), o funcho (Foeniculum vulgare), a erva-roberta (Geranium purpureum), a madressilva (Lonicera implexa), a pervinca (Vinca difformis), a salsaparrilha-bastarda (Smilax aspera), o hipericão (Hypericum perforatum), o rosmaninho (Lavandula luisieri) ou o alecrim (Rosmarinus officinalis).

Perto do mar encontramos matagais de sabina-da-praia que abrigam espécies de flora endémicas, dunas e paleodunas com matagais de zimbro, um habitat prioritário da Diretiva Habitats, ou arribas litorais com vegetação mediterrânica com Limonium e Armeria sp. pl. endémicos e espécies características — perrexil-do-mar (Crithmum maritimum), cenoura-brava (Daucus carota). Em locais com areias de praia surgem plantas como a raiz-divina (Armeria welwitschii), o miosótis-das praias (Omphalodes kuzinskyanae) ou a perpétua (Helichrysum italicum).

Os carrascais de Quercus coccifera (carrasco) resultam da degradação dos carvalhais originais, sendo os sobreiros (Quercus suber) ainda hoje frequentes.

Nos solos calcários, são frequentes a aroeira (Pistacia lentiscus), o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris), o sanguinho (Rhamnus alaternus), a roselha (Cistus crispus), as bocas-de-lobo (Antirrhinum majus), o trovisco-fêmea (Daphne gnidium), o sargaço (Cistus monspeliensis), o tojo-gatunho (Ulex densus), a madressilva (Lonicera implexa), a salsaparrilha, o morrião-perene (Anagallis monelli).

As arribas são um local seguro, fora do alcance dos predadores, para a nidificação do corvo-marinho-de-crista ou galheta (Phalacrocorax aristotelis), do peneireiro-comum (Falco tinnunculus), do falcão-peregrino (Falco peregrinus), do melro-azul (Monticola solitarius) das gaivotas (Larus sp.) ou dos pombos (Columba livia).

A fauna é diversificada: o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a raposa (Vulpes vulpes), a doninha (Mustela nivalis), o sardão (Lacerta lepida), a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), as cobras e seus predadores como o saca-rabos (Herpestes ichneumon), a coruja das-torres (Tyto alba), a coruja-do-mato (Strix aluco), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), a perdiz (Alectoris rufa), a rola-do-mar (Arenaria interpres); grande diversidade de insetos.

(De ICNF)